Homenageados

Ao longo da trajetória da Banda de Música Santa Cecília, muitas pessoas contribuíram com talento, dedicação e amor pela música. Esta página é uma homenagem a esses nomes que ajudaram a construir nossa história, mantendo viva a tradição musical de Barão de Cocais e inspirando novas gerações. Cada homenagem aqui representa a nossa gratidão e reconhecimento pelo legado de quem deixou uma marca profunda na nossa caminhada.

Raimundo Vital

Raimundo Vital Francisco (1899–1952) foi uma figura central na história da Banda Santa Cecília, de Barão de Cocais. Operário metalúrgico e músico talentoso, destacava-se ao tocar a tuba sousafone com uma sonoridade comparável à de um violoncelo.​

Em 1939, assumiu a presidência da banda, período em que adquiriu o terreno para a construção da primeira sede própria da corporação. Com o apoio do empresário e amigo José Gomes Gonçalves, pistonista, equipou a banda com novos instrumentos adquiridos da empresa paulista Weril. Além disso, suas boas relações com a diretoria da Companhia Brasileira de Usinas Metalúrgicas (CBUM), especialmente com o gerente Waldir Emrich, possibilitaram diversas melhorias para a instituição.

Raimundo Santiago

Raimundo Santiago Pereira nasceu em 7 de outubro de 1920, no distrito de Vargem Linda, em São Domingos do Prata (MG). Desde cedo, demonstrou grande inclinação para a música e, aos 16 anos, teve a oportunidade de iniciar seus estudos musicais em Gomes do Prata, sob a orientação do professor Aloísio, com quem desenvolveu uma sólida amizade.

Em 1941, a convite de Aloísio, que já residia em Barão de Cocais e fazia parte da Banda de Música Santa Cecília, Raimundo também se mudou para a cidade, passando a integrar a banda como trompetista. Paralelamente, conseguiu trabalho na Companhia Brasileira de Usinas Metalúrgicas (CBUM), onde atuou em diversos cargos até se estabelecer como apontador.

Raimundo Santiago dedicou-se incansavelmente à composição de músicas para a banda, explorando gêneros tradicionais como dobrados, valsas, marchas festivas e fúnebres. Seu compromisso com a música era evidente: passava horas de seu tempo livre compondo e copiando partituras, preservando e enriquecendo o repertório da banda.

Ao longo dos anos, além do trompete, também tocou trombone e bombardino, até que, em 1977, assumiu a regência da banda, sucedendo o maestro Iolando dos Santos. Raimundo possuía um profundo respeito pelas figuras ilustres da cidade e por seus colegas músicos, homenageando-os ao nomear suas composições em reconhecimento à importância de cada um para a banda e para a comunidade.

Mais do que um regente e compositor, Raimundo foi um grande professor, ensinando música a várias gerações de cocaienses e deixando como legado seu exemplo de dedicação e amor à banda. Seu trabalho foi continuado por seus sucessores na regência: Elton Félix Tavares e Antônio Adão do Carmo.

Raimundo faleceu em 5 de outubro de 2004, dois dias antes de completar 84 anos. Seu velório, realizado na sede da banda, foi marcado pela profunda comoção dos músicos. Em sua última homenagem, a pedido da família, não foram tocadas marchas fúnebres no cortejo. Em vez disso, foram tocadas as suas próprias composições, de caráter alegre e festivo, refletindo sua paixão pela música e pela vida.

Iolando dos Santos

Iolando dos Santos nasceu em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em 23 de fevereiro de 1920. Incentivado por seu pai, iniciou seus estudos musicais ainda jovem e, aos 14 anos, regia pela primeira vez a Banda de Bento Rodrigues. Em 1945, mudou-se para Barão de Cocais para trabalhar na Companhia Brasileira de Usinas Metalúrgicas (CBUM), dando início a uma trajetória marcante na música local.

Ao assumir a Corporação Musical Santa Cecília, dedicou-se à composição de diversas peças para a banda, enriquecendo seu repertório com dobrados, marchas e a grandiosa sinfonia “Terra Mineira”, obra que recebeu atenção especial do maestro.

Além de sua atuação como regente, Iolando foi um grande educador, ministrando aulas de música em sua própria casa. Formou uma banda mirim para jovens músicos, preparando-os para, posteriormente, integrarem a banda principal.

Rigoroso e disciplinado, imprimiu um alto nível técnico aos ensaios, elevando a qualidade da banda e resultando em premiações em festivais de música.

Seu legado permanece vivo na história da Banda de Música Santa Cecília e na formação de inúmeros músicos que tiveram a oportunidade de aprender sob sua orientação.

Seu impacto na cultura local foi amplamente reconhecido. A Câmara Municipal de Barão de Cocais o elegeu Personalidade do Século XX, e a rua onde morou recebeu seu nome como forma de homenagem. Além disso, o coral da banda Santa Cecília carrega seu nome, perpetuando sua memória na música e na cultura cocaiense.

Odilon Fonseca

Odilon Constantino da Fonseca nasceu em Cocais, distrito de Barão de Cocais (MG), no dia 23 de outubro de 1938. Desde muito jovem, demonstrou talento e paixão pela música, iniciando seus estudos aos 6 anos de idade na Banda de Música Santa Cecília, sob a orientação do maestro João Batista. Com apenas 7 anos, já tocava bombardino, instrumento que se tornaria sua grande paixão ao longo da vida.

Buscando aperfeiçoamento, Odilon estudou no Conservatório Marcelo Tupinambá, em São Paulo, onde aprimorou sua técnica musical. Lá, teve a oportunidade de estudar ciências musicais com Guaracy da Costa e harmonia com o Tenente Sebastião Gil. Durante sua estadia na capital paulista, tocou bombardino na Lira Musical Pedro Salgado e manteve um laço próximo com seu amigo Iolando dos Santos, maestro da banda de Barão de Cocais, com quem trocava correspondências repletas de saudade e partituras de suas composições.

Odilon foi um prolífico compositor, tendo criado dezenas de músicas, incluindo dobrados, muitos deles dedicados a amigos e à sua terra natal. Entre suas obras mais notáveis, destacam-se “Triunfo Cocaiense”, em homenagem a Barão de Cocais, e um dobrado especial dedicado a seu amigo intitulado Maestro Iolando dos Santos. Sua maestria foi reconhecida em 1967, quando, regendo uma banda patrocinada pela Belgo Mineira em João Monlevade, conquistou o primeiro lugar em um festival de música em Belo Horizonte.

Após anos em São Paulo, Odilon retornou a Minas Gerais e se estabeleceu em São Gonçalo do Rio Abaixo, onde construiu uma nova trajetória como comerciante, fundando o Supermercado São José, que se tornou referência na região. Apesar de sua atuação no comércio, a música sempre foi sua maior paixão. Em 2009, participou emocionado do lançamento do CD “Dobrados e Marchas”, gravado pela Banda de Música Santa Cecília, que incluiu uma de suas composições (Triunfo Cocaiense).

Odilon faleceu no dia 3 de julho de 2015, deixando um legado inestimável para a música e para sua comunidade. Seu nome permanecerá vivo em suas composições, no reconhecimento de seus pares e na memória daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e aprender com ele.

Dona Lygia

Lygia Maria Silva foi uma mulher de múltiplos talentos que deixou um legado inestimável para a cultura de Barão de Cocais. Professora de música, compositora e poetisa, dedicou sua vida ao ensino, à arte e à valorização da tradição musical.

No dia 12 de julho de 1961, Lygia foi uma das responsáveis pela fundação do Coral da Banda Santa Cecília, cuja estreia ocorreu em 26 de novembro do mesmo ano, em uma missa cantada em homenagem à padroeira da entidade, na Igreja Matriz. Como diretora e regente, ela liderou um grupo de cerca de vinte cantoras, contribuindo para a formação musical e a preservação do canto coral na cidade. Permaneceu à frente do coral por 13 anos, afastando-se em 1974 por divergências com a diretoria da banda naquele período. No entanto, retornou posteriormente e dirigiu o coral até 2003.

Além de sua atuação no coral, Lygia compôs diversas obras, incluindo o Hino à Barão de Cocais e o Hino à São João Batista, padroeiro da cidade, ambos marcos da identidade cultural local. Seu talento e comprometimento também se refletem em suas missas, motetos e demais composições.

José das Dores Vital

J.D. Vital nasceu em Barão de Cocais (MG) e iniciou seus estudos no Grupo Escolar Odilon Behrens. Desde jovem, demonstrou interesse por cultura, comunicação e música, valores que norteariam sua trajetória profissional e sua inestimável contribuição para a Banda de Música Santa Cecília.

Com sua capacidade de comunicação e conhecimento político, J.D. Vital chefiou a Assessoria de Imprensa e Relações Públicas dos governadores Tancredo Neves e Hélio Garcia. Além disso, dedicou-se à literatura, escrevendo importantes obras sobre a Igreja Católica, como “Como se faz um bispo, segundo o alto e o baixo clero” e “A revoada dos anjos de Minas”. Seu reconhecimento como intelectual e escritor o levou a integrar a Academia Marianense de Letras, a Academia Mineira de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

No entanto, mesmo com uma trajetória brilhante no jornalismo e na literatura, J.D. Vital nunca se afastou de suas raízes musicais e de sua cidade natal. Como presidente da Banda de Música Santa Cecília (2002-2010), desempenhou um papel fundamental na reestruturação da instituição, promovendo parcerias estratégicas para garantir sua sustentabilidade. Durante sua gestão, a banda reformou e ampliou sua sede, a equipando com salas de aula, escritório, cozinha e auditório, além de novos instrumentos e uniformes.

J.D. Vital também foi responsável por levar a banda para fazer apresentações em diversos estados brasileiros, além de excursões culturais e passeios à lazer. Com o apoio da Universidade de São João del-Rei, resgatou e publicou peças musicais do valioso acervo da banda. Outra conquista marcante foi a edição de um CD gravado no estúdio Quilombo, do renomado produtor Márcio Ferreira, que trabalhou com Milton Nascimento.

Dedicado e visionário, conseguiu pagar dívidas antigas e regularizar pendências fiscais, permitindo que a banda voltasse a receber incentivos governamentais. 

Também foi o responsável pela produção do disco de vinil da Banda de Música Santa Cecília, uma realização memorável. Seu compromisso com a história da banda também resultou na produção do documentário “Novo Regresso”, dirigido pelo documentarista Marcelo Passos.

Por sua inestimável contribuição à cultura e à música, J.D. Vital foi homenageado com o título de presidente emérito da Banda de Música Santa Cecília.

Antônio Adão do Carmo da Silva (Tiziu)

Antônio Adão do Carmo da Silva, mais conhecido como Tiziu, nasceu em Barão de Cocais em 14 de junho de 1952. Desde cedo, a música esteve presente em sua vida, e sua trajetória na Banda de Música Santa Cecília começou em 1962, quando acompanhava seu tio aos ensaios. No mesmo ano, iniciou seus estudos com o Maestro Iolando dos Santos, aprendendo percussão. Em 1964, expandiu seus conhecimentos para os instrumentos de sopro, começando pelo Sax Horn e, com o tempo, tocou também clarinete, trompete e trombone. Mais tarde, passou a tocar tuba na Banda Mirim, que surgiu para renovar a Banda Santa Cecília em um período de dificuldades.

Com o falecimento do Maestro Iolando dos Santos, em 1979, a regência passou para Raimundo Santiago, e Tiziu assumiu um papel fundamental na reestruturação da banda. Passou a tocar bombardino e atuou como regente e professor auxiliar, ajudando nos ensaios, apresentações e transcrições de partituras. Além disso, participou da fundação da Fanfarra da Lagoa, que até hoje representa a continuidade da tradição musical na cidade.

Ao longo de sua trajetória, dedicou-se ao ensino musical e ao impacto social da música. Entre 1997 e 2019, foi professor na Sociedade do Bem-Estar do Menor (SOBEM) e, em 2005, na Associação Pró-Amor. Desde 1997, é Maestro Auxiliar da Banda Santa Cecília, atuando de forma voluntária. Seu compromisso com a formação de músicos e cidadãos transformou a vida de muitas crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, utilizando a música como ferramenta de inclusão e esperança.

Em 2024, Tiziu completou 60 anos de dedicação à música, ao ensino e à cultura local. Ainda hoje, continua tocando Sousafone na Banda Santa Cecília e auxiliando o maestro atual que demandam conhecimento histórico, reforçando o ensino através da oralidade.